Quando faço uma tarte de maçã (um dos meus doces preferi-dos) ou crumble, há duas coisas que sempre acontecem: uma, o doce desaparece num ápice, não dando nem tempo para arrefecer; duas, sobram Imensas cascas e carocos. Quanto à primeira, pouco posso fazer. Controlar a minha gula tem-se tornado cada vez mais num caso de manifesta corrida contra o prejuízo. Quanto aos restos das maçãs, atirá-las simplesmente para o lixo, como já me conhecem, sabem que não é opção.
Açúcar e um pouco de sumo de limão é tudo quanto precisam para uma deliciosa geleia com sabor a maçã feita inteiramente de resíduos. A magia acontece graças à pectina, um espessante natural presente em muitas frutas que funciona como agente gelificante. Alguns alimentos como os morangos, peras e cerejas têm um baixo teor desta substância, o que significa que precisarão de uma dose extra na sua confeção. Cenário oposto acontece no caso da maçã. Naturalmente, a sua percentagem é maior, o que facilita o processo.
Não importa se são todas vermelhas, todas amarelas ou uma mistura tipo Assembleia-Geral da ONU versão frutícola. Esta receita funciona com todas elas, embora as variedades mais doces (como as fuji, royal gala, golden, pink lady) sejam as mais indicadas. A única coisa que mudará é a cor do resultado final. Certifiquem-se apenas, como é óbvio, de limpar adequadamente a fruta antes de a descascar. Para o caso de não terem, de momento, assim tantas sobras, podem sempre congelar e ir adicionando aos poucos até a quantidade ser suficiente.
Esta geleia é uma ótima alternativa às que se encontram à venda nos supermercados. As suas finalidades são quase tão infinitas quanto a vossa gula. Pode acompanhar as torradas do vosso pequeno-almoço, fazer parte de uma tábua de queijos irresistível (combina maravilhosamente bem com queijo brie ou camembert) ou para pincelar carne assada (por exemplo, porco). Para os mais voltados para a pastelaria, aquecer um pouco de geleia e pincelar sobre um doce é a dica perfeita para um brilho extra.