O gesto é automático e repete-se vezes sem conta. Enquanto a panela levanta fervura, pega-se num cubinho, atira-se lá para dentro e, como que por magia, tudo ganha mais sabor. Vendem-se em todos os supermercados, marcam presença em qualquer despensa e são tidos como o passo fundamental para um cozinhado delicioso. Com certeza sabem do que estou a falar…
No entanto, já se questionaram acerca da composição destes cubinhos mágicos? Se nunca tiveram oportunidade de ler o rótulo, eu desvendo o segredo: quantidades exageradíssimas de sódio, açúcar e ingredientes difíceis de pronunciar. A pensar na vossa saúde, fazer caldo de legumes caseiro é a alternativa mais óbvia.
Esqueçam a ideia de que fazer um caldo em casa é tarefa complicada. É quase tão fácil como fazer um chá. Basta colocar uma panela grande com água a ferver, cortar alguns vegetais para dar sabor e cronometrar pelo menos 60 minutos. É demorado? Sim, mas podem aproveitar esse tempo para fazerem outras coisas. Não é propriamente a oitava maravilha do mundo para ser venerada.
Para quem gosta de medidas precisas, a receita pode ser um pouco difícil de seguir. Tudo varia consoante os legumes que têm em mãos. O resto é a intuição que faz. No fundo, é uma forma de aproveitarmos as sobras que não usamos e que, muitas vezes, vão parar ao lixo. Se quiserem aumentar o nível da vossa versão sem desperdício, podem ainda usar as cascas e os talos. A forma mais prática é irem guardando tudo num saco no congelador e, assim que tenham uma quantidade suficiente, meter mãos à obra.
O elenco até pode ser variado, mas há três protagonistas que estão sempre presentes: cebola, cenoura e aipo. São os vegetais mais utilizados porque, embora acrescentem muito sabor, não se sobrepõem aos ingredientes do prato onde será utilizado. Se quiserem arriscar, podem juntar cogumelos ou até cascas de queijos duros, como o parmesão e o grana padano, para adicionar um toque umami à receita.
Contudo, para que não fique o caldo entornado, que é o mesmo que dizer, para não deitar tudo a perder, há verduras que devem ficar longe desta história. As hortaliças brássicas (como a couve-flor, repolho, brócolos, nabo, couve-de-bruxelas) podem resultar num caldo amargo. Quanto ao sal, pimenta e restantes temperos, o melhor é serem apenas adicionados durante a confeção do prato final, aumentando assim a sua versatilidade.
Em resumo: fazer um caldo de legumes caseiro é uma das formas mais fáceis de potenciar o sabor das nossas receitas, economizar dinheiro e usar os legumes que sobram, antes de irem parar ao lixo. Livrarem-se dos caldos industrializados é um grande passo na construção de uma cozinha, não só, mais saudável como mais sustentável.